FÍSICA: CIÊCIA PLANETÁRIA
A Origem do Sistema Solar:
No Universo conhecido há muitas nuvens de gases e poeiras – nebulosas – que podem dar origem a sistemas solares. Em princípio, nessas nuvens há duas forças opostas que se equilibram: a gravidade, que tende a contraí-las, e a pressão térmica, que tende a expandi-las.
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Por vezes essas nebulosas são perturbadas por algum tipo de choque, como a onda provocada pela explosão de uma supernova ou simplesmente a aproximação de outra nuvem.
Quando recebe o choque, a nebulosa começa a contrair-se. Para que essa contracção venha a dar origem a um sistema planetário, há algumas condições que têm que se cumprir: A nuvem tem que ter massa suficiente, ser densa, relativamente fria, e tem que estar animada de algum movimento inicial de modo a que a contracção gravitacional seja acelerada num movimento de rotação (da mesma forma que um patinador acelera a velocidade das piruetas aproximando os braços do corpo).
O Sol
O Sol domina o Sistema Solar e a nossa vida, por isso é justo que iniciemos esta viagem pela nossa estrela.
Dominar é a palavra certa: se somarmos a massa de todos os planetas, asteróides e cometas faremos apenas 2% da massa do Sistema Solar; os outros 98% de massa estão no Sol; no seu interior caberiam 1.3 milhões de terras; a energia que produz em cada segundo “pesa” mais que a maioria dos asteróides.
Uma tão grande massa é constituída em 75% paradoxalmente, pelo elemento mais leve do Universo: o hidrogénio. O resto da massa solar é quase só hélio. Toda a matéria solar encontra-se num estado de plasma, nem líquido nem gasoso, um fluido completamente ionizado.

Mercúrio
O planeta Mercúrio é conhecido do Homem desde os tempos mais remotos, embora até aos Gregos se pensasse tratar-se de duas estrelas (tal como Vénus): Apolo, estrela da manhã e Hermes, estrela da tarde. Ao tempo de Heraclito, contudo, já se sabia que ambos os nomes se referiam ao mesmo planeta. Este astrónomo pensava, muito adiante dos conceitos do seu tempo, que Mercúrio e Vénus orbitavam o Sol e não a Terra.
Até 1962 pensava-se que o dia e o ano de Mercúrio eram iguais. Só então se soube que o planeta executa três rotações para cada duas translacções - o que é um caso único no Sistema Solar.
A órbita de Mercúrio é muito excêntrica, tendo o periélio a 46 milhões de km e o afélio a 70 milhões de km; só a órbita de Plutão é mais excêntrica.
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VénusVénus é o objecto mais brilhante do firmamento a seguir à Lua e ao Sol, pelo que despertou a atenção do Homem desde os tempos mais remotos. Tal como no caso de Mercúrio, até ao auge da astronomia grega pensava-se que a estrela da manhã e a estrela da tarde eram dois corpos diferentes: Eosphorus e Hesperus.
Galileu foi o primeiro a observar que Vénus apresenta fases, como a Lua (e, aliás, como Mercúrio). Na verdade, todos os planetas apresentam a fase gibosa, mas só Mercúrio e Vénus podem apresentar as fases falcadas. A observação, por Galileu, das fases de Vénus foi um dos principais suportes do heliocentrismo.
A razão por que Vénus tem um albedo tão alto (é tão brilhante) é que este planeta se encontra coberto por uma espessa e densa camada quase uniforme de nuvens, compostas predominantemente por ácido sulfúrico e dióxido de carbono, que reflectem a luz solar (Figura 1).

Terra
A Terra é muito mais que um simples ponto azul-claro, perdido no espaço. A Terra é a nossa casa no Universo, tornada singular pela presença de vida, tornada singular pela nossa presença. Na verdade, o único ponto do Universo onde há a certeza de vida é a Terra.
As condições para a existência de vida decorrem grandemente de condições astronómicas e físicas, a mais importante das quais é a Terra ter toda a sua órbita a uma distância do Sol (149 600 000 km = 1 Unidade Astronómica, 1 UA) que lhe permite ter água nos três estados. E, é claro, é a presença de água nos oceanos e na atmosfera que confere ao nosso planeta a cor azulada com que pode ser visto do espaço.
A Terra é o mais exterior, o maior (diâmetro equatorial: 12756 km) e o mais denso (5.52) dos planetas interiores. É também o mais “vivo” dos planetas, não só do ponto de vista biológico como também dos pontos de vista atmosférico, geológico e geofísico.
Os principais constituintes da atmosfera terrestre são o azoto, o oxigénio, o dióxido de carbono, o vapor de água e o árgon .

A Lua
A Lua é o “nosso” satélite, um pouco a nossa segunda casa no espaço. É o segundo objecto mais brilhante nos céus. As suas dimensões (diâmetro 3474 km - maior que Plutão), e composição (densidade 3.34 - da mesma ordem que Marte) principalmente se comparadas com as da Terra, permitem-nos considerá-la um planeta telúrico de pleno direito. 
Marte
Marte é um dos seis planetas facilmente observáveis da Terra à vista desarmada e, por isso, é conhecido desde a mais remota antiguidade. A sua coloração avermelhada sempre despertou a atenção dos observadores e esse facto, junto com a trajectória aparentemente irregular que percorre nos céus, cedo cercou Marte de uma aura de mistério. Não surpreende, por isso, que a história do conhecimento de Marte seja uma das mais apaixonantes da astronomia. Quem não se lembra da polémica dos “canais”? Estes, sugeridos - e meticulosamente desenhados - por Schiapparelli, que nunca lhes atribuiu uma origem definida, foram depois defendidos como construção artificial por d
Os Satélites de Marte: Fobos e Deimos
Fobos e Deimos são os únicos satélites conhecidos de Marte.
Os seus nomes (“medo” e “pânico”) recordam-nos a mitologia grega: Fobos e Deimos eram os filhos de Ares (Marte) e Afrodite (Vénus) e conduziam o carro do Senhor da Guerra.
Fobos e Deimos foram ambos descobertos durante a oposição de 1877 pelo astrónomo americano Asaph Hall, apesar de já Herschel ter tentado, um século antes, encontrar satélites em órbita de Marte. A sua observação continua a ser difícil – inacessível à maioria dos instrumentos amadores –, por serem muito pequenos: nas suas maiores dimensões têm, respectivamente, 27 e 15 km.
Figura 1 – Fobos, visto a partir da cratera Stickney. NASA.
A característica mais distintiva de Fobos (Figura 1) é a cratera Stickney (baptizada por Hall com o apelido de solteira da mulher) com cerca de 10 km de diâmetro - num objecto que, recorde-se, tem de maior dimensão 27 km. Isto equivaleria a ter, na Terra, uma cratera com cerca de 3500 km de diâmetro, ou seja, abrangendo toda a Europa. O impacto que provocou esta cratera deve ter causado grande destruição em Fobos, que seria inicialmente muito maior. As estrias que irradiam da cratera são provavelmente vestígios dessa destruição.
Deimos (Figura 2) é o mais pequeno satélite conhecido do Sistema Solar. A sua baixa densidade (1.8) é da mesma ordem que a de Fobos (1.9), o que indica deverem ter composições semelhantes - provavelmente uma mistura de silicatos e gelo, análoga à dos asteróides de tipo C.
Figura 2 – Deimos. NASA.
Um argumento a favor desta composição foi obtido pela sonda soviética Fobos 2 (Figura 3) que observou a libertação de uma fina pluma de vapor da superfície de Fobos.
Figura 3 – Sonda Fobos 2.
Por todas estas razões, é provável que Fobos e Deimos sejam ambos corpos que se desviaram da cintura de asteróides, tendo sido capturados pelo campo gravitacional de Marte.
Em 1778 o matemático e astrónomo alemão Johann Bode encontrou uma relação empírica que lhe permitia determinar aproximadamente as distâncias médias dos planetas ao Sol.
Começamos com uma simples sequência de números: 0, 3, 6, 12, 24, 48, 96, 192. Adicionamos 4 a cada número: 4, 7, 10, 16, 28, 52, 100, 196. Dividimos os resultados por 10: 0.4, 0.7, 1.0, 1.6, 2.8, 5.2, 10.0, 19.6.
Esta última sequência é muito próxima das distâncias reais dos planetas ao Sol, incluíndo Urano, que só veio a ser descoberto por Herschell em 1781
